"O prazer do poema", antologia pessoal de Ferreira Gullar.



Lá estava o elegante volume roxo. O prazer do poema, uma antologia pessoal de Ferreira Gullar publicada no final do ano passado pela Edições de Janeiro. As opções na livraria não eram muitas; nunca são; como as sessões que me interessam são as de poesia e crítica literária, uma rápida olhada sempre é o suficiente. Mas lá estava o elegante volume roxo. Não demorou muito e fui levado a pensar que a entrada de Ferreira Gullar para a Academia Brasileira de Letras já rendera alguns frutos. Isso enquanto cogitava se iria ou não meter a mão no bolso. E acabou que meti. E acabou que descobri que não era bem isso. Só ler o prefácio. A coletânea havia sido preparado por décadas e publicada caseiramente em setembro de 91. Sua reedição, ou sua real publicação, portanto, apesar de ter saído no mesmo ano da entrada de Gullar na ABL, precisa ser vista com cautela. A antologia deve ter sido entregue pelo menos um ano antes, o que uma nota de Ana Cecilia Impellizieri Martins, editora da publicação (presumo), confirma: ela nos diz que "Durante quase um ano buscou-se a liberação dos direitos autorais das obras escolhidas (...)". Então a antologia já devia estar no prelo no começo de 2013. Dizer que a retirada da antologia da gaveta se deu graças à entrada de Gullar na ABL é uma inverdade. Ela talvez possa ser vista como uma feliz coincidência. "Talvez" pois nós sabemos que Gullar sempre foi um nome muito cotado para a ABL, e não é necessário que algum dos imortais morra para que se comece a ter uma ideia de quem seriam bons membros: a própria Academia já deve ter de antemão uma lista de favoritos (Gullar em entrevistas nos conta que há anos era convidado pra fazer parte da ABL). De todo modo, Gullar é um poeta conhecido e seu nome possui um status mercadológico. Se a publicação de um livro de poemas é sempre uma atividade de risco ― e quem dirá a publicação de uma antologia de poemas baseada simplesmente no critério do gosto pessoal! ―, esse nome consolidado de Gullar permitiu à editora incorrer no risco e, ademais, se adentrar na enorme dor de cabeça de buscar pela liberação dos direitos autorais, haja vista que, dos cerca de 80 poetas da coletânea, uma boa parte não está em domínio público.

O livro está dividido em 13 partes. Cada parte possui um tema em específico, o que foi uma maneira que Gullar encontrou de não tornar a antologia em algo tão arbitrário. Assim, por exemplo, na primeira parte nós temos poemas metalinguísticos, na segunda poemas de amor, na terceira poemas sobre a Natureza e por aí vai. Nada lá muito rígido. O propósito de Gullar partiu de sua descoberta de que a poesia pode deslumbrar as pessoas. Aí ele resolveu reunir todos os poemas que o haviam deslumbrado e quis que o leitor, quem sabe, também pudesse se deslumbrar. Por isso o subtítulo da antologia é: "Uma antologia pessoal". O leitor não tem lá muitas formas de se postar diante de um livro desses. Não faz o menor sentido querer discordar de Gullar no sentido de que Gullar não trouxe os melhores poemas de um poeta. Gullar fala disso na introdução que fez ao livro ― mas a bem da verdade ele nem precisava, pois é algo meio óbvio. O que o leitor tem de fazer é basicamente um exercício de considerar a beleza que aqueles versos possuem ― ou seja, alguém me diz que eles são belos e eu tento me encantar com eles. Não se trata de um exercício fácil; em muitos sentidos, ele é um exercício dificílimo, pois implica, por vezes, uma suspensão de idiossincrasias próprias e a adoção, temporária ou relativa, de uma postura, parâmetros e percepções da outra pessoa. Eu particularmente penso que esse exercício é o que deveria ser feito para com todo juízo estético que nos é feito e mesmo para com todo objeto que esteticamente nos desagrada ― ou seja, que nós tentemos sempre encontrar a beleza daquilo que é posto à nossa frente, uma vez que o que entendo por juízo estético ou então por crítica (entendida em seu sentido valorativo) é fundamentalmente questionar a si mesmo.

Gullar, que é um nome importante na poesia nacional, possui uma certa autoridade para que o difícil exercício de considerar a beleza de algo previamente (essa é talvez a palavra-chave) valha a pena. Pode ser que o leitor não se dê muito bem com a poesia ou com a pessoa de Gullar, mas, de todo modo, frente a uma antologia pessoal o que nós devemos fazer não é bem demonstrar uma discordância simples; antes, e como disse, nos esforçarmos em considerar ou reconsiderar, se vier a ser o caso, o objeto e a forma de percepção que estão à nossa frente.

E olha, vou ser franco contigo: a antologia de Gullar se saiu muito bem. Foi bom reencontrar poemas que já apreciava aqui dentro desta antologia: pra citar alguns, Tarde de Maio de Drummond, A Carolina de Machado de Assis (que ganha muito quando posto entre o Soneto de fidelidade do Vinicius e a Cantiga sua partindo-se do trovador João Roiz), Contrição de Bocage, Sepultura romântica de Antero de Quental ou até mesmo a Canção do exílio de Gonçalves Dias, que me pareceu totalmente outra quando posta no fim de uma parte do livro que abrira com Vou-me embora pra Pasárgada de Manuel Bandeira. Em outros o grau de descoberta foi mais intenso e curioso: são poemas que eu certamente li mas que nunca havia parado pra perceber o encanto que são capazes de me dar. É o caso de, por exemplo, Procissão do Enterro de Oswald de Andrade, Canção de um dia de vento de Mário Quintana (na parte 10 do livro, criando uma proximidade inesperada entre Quintana, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Rimbaud), A Virgem Maria de Manuel Bandeira, o soneto CCXL de Camões ou a última estrofe de Meus oito anos de Casimiro de Abreu ("Livre filho das montanhas" é um verso belíssimo, ainda mais quando posto depois da Canção do outono de Verlaine). Apesar de Gullar ter dito que nada foi lá muito planejado na disposição dos poemas (ele só buscou o que fosse mais propício à fruição dos textos, "sem usar, por isso mesmo, de excessivo e desnecessário rigor"), fica difícil pro leitor, por exemplo, achar gratuita a colocação de O ovo de galinha de João Cabral entre a coloquialidade singela de Inverno de Jorge de Lima e o jeitão cirúrgico de A um caracol de Marianne Moore. Isso desestabiliza a tão alegada sisudez de Cabral, do mesmo modo que A água, de Ponge, depois de Chuva de caju, de Joaquim Cardozo, ou A borboleta, também de Ponge, seguido de Ode ao gato de Pablo Neruda, igualmente o atestam.

Em suma, são pequenos relances de disposição realmente engenhosos: outros exemplos são os sonetos XV de Dante e Camões, um seguido do outro, o soneto LII de Camões logo após Burnt Norton de Eliot, ou a singeleza modernista de Senhor feudal de Oswald de Andrade seguida da desolação apocalíptica de Os doze de Blok ― os dois na parte 11, talvez a mais bem amarrada do livro, que conta também com A flor e a naúsea de Drummond ao lado de Sutra do girassol de Ginsberg e Morte do leiteiro, também de Drummond, ao lado Aos que vão nascer de Brecht e Aurora de García Lorca. Evidentemente, existiram, durante a leitura do livro, aquelas maravilhosas descobertas: Poesia de Antonin Artaud, Lida é uma boa garota de Iroslav Smeliakov, Lamento do lagarto enamorado de René Char, O fim e As últimas palavras de minha avó inglesa de William Carlos Williams (este último poema de particular interesse pois devemos nos lembrar que, na década de 90, Gullar estava preparando um de seus livros mais comoventes: Muitas vozes), ou José Ramón Cantaliso de Nicolás Guillén.

Já em outras passagens, o leitor consegue perceber com clareza a versatilidade de Gullar como leitor de poesia, algo que me pareceu mais nítido nas páginas de aberturas de cada parte. Pois, a esse respeito, eu antes faço notar ao leitor que o projeto gráfico da Edições de Janeiro ficou primoroso. O livro, em capa dura, é feito todo trabalhado em duas cores: roxo escuro e laranja. Nas aberturas de cada parte, nós temos duas páginas coloridas de roxo escuro com trechos de poemas em branco ou laranja e repetições dos versos, meio apagadas, no fundo (que parecem simular a repercussão daqueles versos na nossa cabeça). Bem assim, ó (desculpem pela má qualidade da foto):


Esses trechos de poemas possuem alguns momentos luminosos e que, pra voltarmos ao assunto, demonstram a versatilidade de Gullar como leitor, ou seja, que Gullar é um leitor eclético (não tão eclético assim, claro, se tomarmos como base seu infeliz artigo sobre a antologia crítica de literatura negra pela UFMG...). Na abertura da parte 4, que traz poemas de cunho folclórico ou canções da inocência, por assim dizer, que intensificam a relação entre ser humano e natureza, nós lemos, entre uma citação de Cassiano Ricardo e Oswald de Andrade, o seguinte poema dos índios Macunis:

       Quando as mulheres vão urinar
       As árvores olham e não dizem nada

Na abertura da parte 7, com poemas sobre a morte, entre citações de Eliot, Virgílio, Antero, Ungaretti, Picabia, Augusto dos Anjos e Pedro Nava, temos uma cantiga de roda:

       Havia numa casa nove irmãs,
       Uma foi fazer biscoito;
       Deu o tango-lo-mano nela,
       Não ficaram senão oito.

Alguns podem tratar esse ecletismo de maneira esnobe, mas, de minha parte, esse espectro de deslumbre é a coisa mais esplêndida que a poesia pode nos dar. Outros dois exemplos do alcance de Gullar estão na escolha de um poema de Vitório Nemésio ("Senhor, nas minhas veias / Trago a morte medida."), poeta açoriano, e no poema À minha noiva, de Arthur de Azevedo, um poeta de final do século XIX, conhecido por sua verve satírica, que poucos hoje em dia teriam a delicadeza de se lembrar. "Eu sou empregado público, / Tu minha noiva bem cedo, / Eu sou Arthur de Azevedo, / Tu és Carlota Morais." A grandiosa singeleza de versos assim não pode ser jogada na cumbuca do já-não-lemos.

Agora sobre as traduções que nos são apresentadas. No prefácio que Gullar escreveu para a edição caseira de 91 (intitulado Uma descoberta) ele nos diz que não havia traduzido todos, todos, todos os poemas, no que se valera de traduções alheias para um certo número de casos. De 91 pra cá, ele parece que traduziu alguns desses poemas e só em alguns casos, poucos, ele chegou a se valer de traduções alheias. É o que, logo após o prefácio de 91, a editora (presumo) nos diz: "Todos os poemas estrangeiros foram traduzidos por Gullar, a não ser aqueles em que constam o nome do tradutor." Isto não é seguido totalmente à risca pois a tradução de The Raven de Edgar Allan Poe não possui indicado o nome de Fernando Pessoa, seu real tradutor. Mas serei justo: foi o único exemplo que encontrei.

Eu só apontaria, contudo, que poderiam também ter indicado as traduções que Gullar se baseou para trazer aqueles textos de línguas que ele, presumo, não domina. Ou seja: eu presumo que em alguns casos Gullar fez uma tradução de uma tradução. Na edição de 91 ele indicava de que traduções ele partira: por exemplo Pierre Grimal para Horácio, Gabriel Germain para Horácio ou Nicanor Parra para Maiakóvski, Smeliakov e Slutski. Mas e, por exemplo, para o poema persa que abre a antologia? No prefácio de 91 não há menção, de modo que suponho que ele tenha sido adicionado depois. E, também suponho, não creio que Gullar conheça persa, pois, caso ele realmente conhecesse, então ele não teria trazido só um poema persa pra coletânea. O mesmo faço notar a respeito do poema Os doze de Blok, por exemplo. Será que Gullar traduziu direto do russo? Não sei. E ficamos sem saber. Mais prático para a edição seria adicionar o nome do tradutor em todos os casos de poemas estrangeiros. Se isso eventualmente ocorresse numa redundância, paciência. Não acho que ela seria insuportável, de todo modo, e, também de todo modo, ela seria mais direta e útil para o leitor.

Outra crítica que faço é em relação aos trechos de poemas que abrem cada parte. Não somos informados de que poemas eles fazem parte. Nem de quem é a tradução. Na abertura da parte 5, por exemplo, temos um haikai de Bashô que foi traduzido por Manuel Bandeira. Na abertura da parte 3, temos uma citação belíssima de Rimbaud ("Mas a aranha do cercado / Come apenas violetas"; lembro-me dela de uma resenha que Gullar fez para uma biografia de Rimbaud, publicada na Folha de São Paulo) da qual o leitor, caso eventualmente se interesse, não terá como procurar mais a respeito. Algumas páginas a mais, no final do livro, indicando de que poemas foram retiradas tais citações, ajudaria bastante, visto que algumas dessas citações são de poemas que não aparecem na antologia ― algo que não vejo como sendo um mal; até pelo contrário, pois aumenta o escopo de percepção de Gullar para poemas inteiros e versos também. Mesmo para um leitor que já tem um convívio um pouco maior com a poesia, fica difícil achar de onde vêm algumas dessas citações. De minha parte eu posso falar a respeito das citações de Picabia, poeta francês que eu simplesmente desconheço, ou então Éluard, que conheço pouquíssimo, ou então um verso como "Vacila a máquina do céu!", que, na abertura da parte 5, é creditado a Gonçalves Dias, mas não consegui encontrá-lo na obra do poeta (achei a princípio que adviesse da parte II de Idéia de Deus, mas nop).

As traduções de Gullar, segundo ele nos diz: "Meu propósito era, de um lado, não me afastar do conteúdo essencial do poema e, de outro, criar em português um texto belo, expressivo, capaz de transmitir ao leitor o mesmo fascínio que o poema exercera sobre mim." Não estou certo se Gullar conseguiu bem o que almejava, embora eu reconheça que, só pra variar, a avaliação seja complexa. Considero Gullar um tradutor habilidoso, não só por ser poeta habilidoso mas tendo em mente o trabalho que ele por exemplo fez na adaptação de Cyrano de Bergerac na década de 90. Mas suas traduções nem sempre chegam a resultados muito esmerados; por exemplo a Canção do outono, de Verlaine, ele estampa só uma estrofe seguindo o esquema rímico do original (a segunda, pra se ter uma ideia, nem rima tem). Outros problemas apontáveis seriam a tradução de Gullar para A canção de amor de J. Alfred Prufrock, que passa por cima das rimas e das modulações de voz do poema (ou seja, elementos elevados e prosaicos), mais ou menos como a tradução de Ivan Junqueira mas sem todo o preciosismo deste, o mesmo podendo ser dito da tradução de Gullar para a primeira parte do Terra Desolada, que passa por cima dos gerúndios finalizando os versos iniciais, por exemplo, e estampa, logo de cara, "Abril é o mais cruel dos meses; faz germinar"... Ou então, nos poemas de autores como Baudelaire, Mallarmé e Valéry, que são virtuoses do metro e da rima, o uso de rimas toantes e versos de pé quebrado num número maior do que o aceitável. É o que se nota também na tradução de Gullar para o Canto III da Divina Comédia. O primeiro terceto, só pra se ter uma ideia: "'Por mim se vai à cidade doída, / Por mim se chega à eterna dor, / Por mim se vai à gente perdida." A coisa se normaliza no decorrer do canto, de modo que mesmo um terceto fora do esquema rímico da terza rima é uma exceção; mas digo que se normaliza é mais no sentido de não permanecer tão gritante.

Não serei injusto. A má-qualidade das traduções é regra; mas existem soluções dignas de nota, como sua versão para a Balada das coisas sem importância, de Villon (onde, como ele diz no prefácio, ele se afastou conscientemente da letra do original, mas creio que o próprio original o permita), ou então alguns versos de sua tradução para o soneto V de Shakespeare (veja-se o dístico: "E se, para vencê-lo, abrem mão da aparência, / Vivem, malgrado o inverno, agora como essência.", este último verso realmente uma pedra-de-toque com sua aliteração em V e seu jogo com malgrado-agora), ou mesmo a rima entre "lê-o" e "teu" na primeira quadra de Quando fores velha de Yeats, uma rima que jamais esquecerei.

Se digo que é complicado, assim sendo, avaliar a qualidade das traduções de Gullar, é porque temos que levar em conta sua proposta altamente intimista, no sentido de que é possível que muitas de suas opções ou, em suma, sua percepção do texto original, tenha sido guiada e tenha norteado bem como estruturado sua tradução no sentido de captar aquela fonte de beleza que ele, Gullar, havia encontrado. Assim, se a poesia deslumbra, se aquele poema estrangeiro deslumbra, a tradução de Gullar é uma maneira de passar para o leitor aquele deslumbre, o que pode implicar algumas soluções que porventura firam aspectos do original pois, de resto, a própria percepção do original quer-se, por assim dizer, perturbada, tendenciosa, afetada (eu realmente não estou conseguindo achar o termo certo).

O cômputo geral é positivo. Até mesmo erros de digitação eu me lembro de terem sido poucos: aponto, de cabeça, no soneto Dançai a laranja de Rilke, que o primeiro verso apresenta um ponto final ao invés de uma vírgula e o terceiro eu acho que falta uma vírgula. Os problemas que apontei podem ser facilmente resolvidos e sem muito custo, haja vista que estamos falando de uma antologia que dispõe de recursos gráficos vastos que dão ao leitor uma ótima sensação de leitura. Se o objetivo dela foi a de estender o deslumbre da poesia para a página impressa, tornando a leitura um algo o mais agradável possível, muitas opções tomadas durante a edição da obra concorrem para isto, desde o formato do livro, a fonte utilizada e o espaçamento até a mescla de cores preta e laranja que compõem as páginas dos poemas. Tenho um colega, Vinnie Pitangui, que uma vez disse que esse livro deveria vir junto com a cesta básica. Aliás, foi assim que tomei conhecimento da existência do livro. Concordo com o Vinnie. Gostar de poesia não é uma tarefa fácil. É um tipo de discurso que exige muito do leitor, embora também tenha muito a lhe dar: a poesia é um rico arcabouço de experiências humanas; você lê Joaquim Cardozo se perguntando se a chuva se chama Tereza ou Maria, e no final dizendo que a quer "(...) muito bem, doce chuva, / Quer te chames Teresa ou Maria", e sabe que nunca mais vai presenciar a chuva do mesmo modo. O livro de Gullar pode ser um primeiro passo em relação a isso. É possível, perfeitamente possível, acho até que beirando o nível do muito provável, que um leitor mais experimentado nas veredas poéticas torça o nariz e não compreenda ou, melhor dizendo, não queira e nem se esforce em compreender as belezas que a antologia de Gullar pede para que consideremos. Parece existir uma irônica distância que medeia o olhar primordial com que nos encantamos com a poesia do olhar cansado com que passamos a lançar sobre ela depois que dela já desfrutamos tanto.

Mas isso não muda o fato de que temos uma antologia que tem o que ensinar. Compensa.